domingo, 24 de fevereiro de 2008

O búfalo

Acordei sentindo uma incrível disposição em todos os músculos que tenho, incluindo o coração. Mesmo sentado ao computador, sinto meu corpo em uma postura firme, e ao mesmo tempo relaxada. A facilidade e a profundidade com que respiro enchendo de ar meus pulmões me dá uma sensação não-comum de plena consciência corporal. Percebo que o corpo tem uma inteligência própria.

Inteligência e vontade próprias, pois nós não conseguimos, por exemplo, controlar o fluxo de nossas veias com a simples intenção, a não ser que, levando à prática esse intento, nos pusermos física e mentalmente em harmonia com essa energia.

É uma inteligência instintiva essa do corpo, como a força animal que possuísmos. Não à toa o Yôga antigo desenvolveu-se a partir da observação de movimentos dos animais.

Foi de Swásthya Yôga, o Yôga antigo, a aula que Mestre De Rose ministrou ontem, no Parque do Ibirapuera, em comemoração ao Dia do Yôga, não por acaso 18 de fevereiro, seu aniversário. De Rose é o nome mais bem sucedido no país e referência no exterior em ensino de Yôga.
Criticado por alguns por o acharem "marqueteiro" e lidar de modo "comercial" com o Yôga, sua competência é inegável em ensinar e difundir os ensinamentos.

Acontece que ele possui além do talento para Yôga um outro para marqueting pessoal e empreendedorismo, mas isso ele também ensina. O Yôga é uma disciplina física, mental e espiritual que tem por fim despertar virtudes no homem. Você é quem escolhe as suas, a lista é muito, muito grande.

Esqueça o que se diz, experimente praticar. Dê o primeiro passo, os outros vêm como resposta.


* * *

Junto com a sensação de consciência e controle corporal me lembrei de uma peça, recém assistida, no teatro do Sesc Consolação. No meio do monólogo, a velha se toma dessa dessa força animal, e berra que é um búfalo, "EU SOU SENHOR DO MEU CORPO"!
Quando entramos na sala, o palco era apenas o canto da sala, a velha já estava lá, eu primeiro achei que era um homem, com aquela cara fechada... foi-se resignando enquanto todos nos acomodamos, deixando por fim um silêncio que a fez falar, contar sua histórias, e outras, de outros mundos, da sua loucura, do búfalo e do porco-menino, nos fazer chorar de rir e chorar de chorar...
(Depois que começou a falar, vi que era mulher mesmo, uma velha.)
...até que a última lâmpada se apagasse.

Depois dos muitos aplausos a luz se acendeu e então a velha não era velha! Uma jovem, bela atriz Susan Damasceno. O que me estranhou foi que nada ela tirara do rosto, a não ser a máscara invisível que a fizera velha...
Com que talento e com que magia ela fez, sem palco e sem nada, verdadeiro teatro...

...ainda ouço os aplausos...

Peça - A Obscena Senhora "D" - texto de
Hilda Hilst, escritora paulista (1930-2004) - Direção
Donizete Mazonas e Rosi Campos

Um comentário:

Helene França disse...

ah, então era essa a tal velha que falavas...
teatro é mesmo sensacional... amo!

bju