Da janela de meu quarto vejo uma floresta de pedra.
Olho para um enorme prédio, ao longe. Tem no alto dele uma árvore e, se minha vista não engana, alguém se movendo.
"Nada mal morar numa cobertura", outro diz. "Para quê?", me pergunto.
Mas, no fundo, entendo. Não basta morar em um belo apartamento, num prédio caro. Ainda haveria muitos no mesmo nível, morando no mesmo prédio, pagando o mesmo condomínio. Na cobertura está o campeão. O que "venceu na vida". O que foi mais longe. Aquele que está acima dos outros. Livre para gritar, "sou Rei entre meu povo". Abaixo apenas de Deus.
Vejo seu vulto, mas não sei quem ele é. Sei que ganha bem, não sei se ele é feliz.
Ele tem sua cara moradia ao ar livre; pode abrir os braços e sentir o vento, gritar quanto quiser, olhar para cima e ver somente a lua, as estrelas. Ele tem sofás confortáveis, móveis bonitos, lareira.
Eu moro no deserto, na praia, na floresta. As estrelas e a lua me acobertam. Moro nas paisagens que o arquiteto mais caro não pode traçar. Me aqueço na lenha rachada a queimar.
Ele triunfou sobre seus semelhantes, faturou muito mais e está acima de seus companheiros que agora o invejam.
Eu triunfei sobre meus próprios demônios. Lutei contra minhas fraquezas e me pus acima delas, que agora sabem seu lugar.
Eu sou Rei de mim mesmo.
Evoé, Lua! Evoé, Sol!
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Um comentário:
...um dia quero ser rainha de mim mesma tbm... :)
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