Sonhos que nos libertam?
Paixões que nos aprisionam?
Difícil saber a diferença, e desejos são, de fato, as duas coisas.
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Um homem vê um automóvel novo. Observa a atração que exerce sobre as mulheres e como, pelos cantos, outros homens se cutucam comentando com inveja ou maldade, ou ambos. Sonha pelo objeto desejado. Só este importa. A sua felicidade está em algo efêmero, que a chuva faz enferrujar e o assaltante toma em um minuto. A esse destino de Sísifo preso irá sofrer.
Já o menino empina papagaio. Um enorme maranhão no céu. Sonha voar naquele azul claro, rodeados de nuvens que não pode pegar. Sabe que nunca voará como o papel. E, por isso mesmo, fecha os olhos e inventa outro jeito de voar. O menino, liberto, sonha e faz-se homem. Sonha apenas por sonhar. Por isso é um menino, a criança universal.
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Nas histórias, um homem acha uma lâmpada. Esfrega-a, e dela sai um gênio. E o gênio lhe promete atender a três desejos. São muitas histórias, mas o resultado é um só: o cara sempre se dá mal.
A lição poderia ser esta: ele apenas conseguiu os três desejos porque quis limpar a lâmpada, teve capricho, zelo, curiosidade, quis enxergar a sua essência, como seu aspecto real, o que havia por baixo da poeira. Que nada. Por mais que chegasse a ver o real aspecto da lâmpada, ainda assim seria apenas seu aspecto, portanto ilusório, e talvez o homem quisesse ver somente a sua própria imagem refletida no metal.
A lição é: cuidado com os seus desejos. Dependendo de quais forem, talvez você fique bem melhor sem eles realizados.
Perca o menor tempo possível desejando algo. Mas sem grilos. Desejar não ter desejos também aprisiona. Não deseje que sua mente pare de pensar. Medite ao mesmo tempo em que ela faz o seu papel. Esteja de fora. Observe.
Relaxe. Solte um papagaio.
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