domingo, 16 de março de 2008

Os índios falam em morte

Amiga. Companheira.
A morte o espreita. Espera por você. Aguarda pelo dia em que possa tocá-lo. Observa-o. Fala com você.
Pode ouvir a morte? Pode sentir o seu cheiro?
Deixe de pensar em si, e pense em sua morte. Pense diariamente.
Triste? Sim... Mais triste não pensar.
Mil vezes a tristeza de sentir saudade de cada dia vivido do que a de não ter nem do que sentir saudade. É preciso escolher um dos dois. Você pode ficar triste pensando que este momento nunca vai se repetir, mas se souber disso vai pensar melhor antes de desperdiçá-lo, vai entender o quanto é importante e único, então não pode existir tédio. Morreremos em breve, e por isso não há muito tempo a perder.
Pode ser que o tédio o visite, e tambem há coisas práticas que voce pode fazer contra ele. Fazer arte... em todos os sentidos...
Escreva um diário.

Arte é uma força que nos liga uns aos outros, e aos homens do passado. A arte nos torna mais humanos - a melhor parte de ser humano. Compaixão. Curiosidade. Ousadia.
A arte é uma linguagem única e universal.
Mistério de unir individual e coletivo.
O homem é separador de coisas. Tudo divide. Bom ou mau, homem ou mulher.
As forças em desequilibrio geram problemas.
A arte é que pode unir. Equilibrar. Masculino e feminino.
A arte. A meditação. Os rituais sagrados. O sexo.

Cada dia não é apenas mais um dia. É uma oportunidade.
Cada tarefa... cada barreira... enxergue como oportunidade. As dificuldades, como desafio. A ausência de dificuldades, como desafio a que apareçam.
Sou eu um aprendiz, uma criança curiosa, maravilhado e grato frente a todas essas belezas inacreditáveis.
Acordar vivo... é como ter sido convidado para uma festa. Muitos não tiveram essa sorte, morreram na noite anterior. Uma festa. Ouve os sinos? A música? Vê as bandeiras? As cores?
Não se vai triste a uma festa.
Não se vai sem levar um presente
Dê um presente para o mundo...

Uma criança curiosa... maravilhada com as belezas da vida, grata por cada dia... cada raio de sol... cada oportunidade que temos de fazer o que deve ser feito.
Quisera aprender com os índios a virar um curumim.
Há no Acre 17 etnias indígenas. Já foram 50.
Curiosamente, os que resistiram e lutaram foram os que ficaram. Defenderam sua cultura. Seu modo de vida. Preferiram morrer a deixar de ser o que eram, o que nasceram. Sobreviveram. Aquele que abrir mão de sua vida a ganhará.
O que a ela se apegar, o que quiser salvá-la, a perderá...

Os índios falam em morte... os índios vivem...
às margens da sociedade, mas dentro dos sonhos, de Deus...

3 comentários:

sérgio de carvalho disse...

refletir a morte é sobretudo brindar a vida...neste domingo de páscoa um brinde a força do Novo, a ressurreição, a vida.

Helene França disse...

pensar na morte nos faz querer viver mais...
é sempre bom "ler" você... me dá uma paz!

bjo grande!

Unknown disse...

Algum dias atrás perdi um amigo muito querido. E no momento ainda dói bastante. Mas seu texto me fez querer olhar a morte de outra forma. Gostei do que li e vou refletir bastante sobre. Bjs, Andréa