sábado, 15 de março de 2008

Senadinho

Este é um dos lugares mais animados de Rio Branco.
Era pra ser um ponto de encontro da terceira idade, mas a qualidade da música instrumental e a animação das conversas conquistaram a todas as classes e gerações.

Todos se encontram no Senadinho.

“Senadinho”, aliás, porque ali se discutem todos os assuntos.


O povo acreano ama e defende sua terra como poucos, e por isso faz questão de conhecê-la a fundo. Do último jogo de futebol às mais polêmicas decisões políticas, religão e meio ambiente...
tudo é comentado e debatido nesse plenário ao ar livre, à luz da inteligência popular.

“Quando o povo fala, ou foi ou é ou será”.




*


Era plena quarta-feira, por volta da hora do almoço. Bom esse povo acreano, basta olhar mais de alguns segundos nos olhos para ganhar um "oi" e logo ser convidado a uma prosa... Fui até chamado a dançar, e não tardei encontrar entre duas músicas o seu Bianor, a quem há pouco tínhamos entrevistado. Cordelista, poeta, seu Bianor é um guardião de lendas e causos da floresta na qual passou toda sua vida, conhece como sua palma da mão e sonha retornar para gozar os seus dias...


Depois, vez de ser encontrado por Eduardo, um pintor de técnica incrível a quem eu tinha conhecido na outra viagem, quase um ano atrás, quando lhe encomendei um quadro para mim e outros para que eu divulgasse sua arte em São Paulo. Eduardo se achegou e disse o que sempre diz quando me encontra, "seu quadro ta pronto, te entrego daqui a dois dias".
Olhei a cara dele e tive a certeza que partiria do Acre novamente sem o quadro. Resignado. Dou-lhe o direito de ser um artista, e o seu direito a privar-se da arte é superior ao de honrar compromissos materiais.
Para um artista, poder deixar de exercer sua arte, tanto quanto fazê-lo, é questão de sobrevivência e sanidade. Quem sabe no próximo ano...

Um comentário:

Helene França disse...

ê festão!!!

(a "puesia" é de minha autoria... mas já que vc faz questão, publiquei lah) =P

bjo